quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

7. - CAP. VI - DESCOBRIMENTO DA COSTA E DAS ILHAS DO GOLFO DA GUINÉ - DO GOLFO DA GUINÉ AO CABO DE ÁFRICA



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DESCOBRIMENTO DA COSTA E DAS ILHAS DO GOLFO DA GUINÉ


Segundo os escritos de Cadamosto, Pedro de Sintra terá descoberto a parte da costa africana entre o estuário do Geba até alguns kms a sul do Cabo Marrado – próximo da capital da Libéria, tudo apontando para que esta tenha sido uma segunda viagem, que não a realizada em vida do Infante.

Por volta de 1469, D. Afonso V contratou com Fernão Gomes, mercador interessado em novos mercados, a concessão dos descobrimentos feitos, que teriam de ter um avanço mínimo de cem léguas aos descobrimentos sucessivamente efectuados.


Este contrato, obrigando as naus a irem cada vez mais longe, terá levado à substituição do Regimento da Estrela do Norte pela determinação da latitude à meridiana.
Ou seja, a partir de 1469 tornou-se imperioso navegar com novos recursos.

Daí, dois capitães de dois navios, João de Santarém e Pedro Escobar, percorrendo o Golfo da Guiné, terão atingido no ano de 1471 uma aldeia que os portugueses denominaram Mina de Ouro e mais tarde ficou conhecida apenas como Mina. Aqui foi construído um castelo e uma feitoria, obra dirigida nos anos de 1481 e 1482 por Diogo de Azambuja.

Posteriormente Fernão do Pó, percorreu a costa do Golfo do Biafra, e descobriu a ilha a que foi dado o seu nome.

Em 1475, Lopo Gonçalves, descobre o Cabo Lopez e Rui Sequeira o de Santa Catarina.

Nas feitorias da costa ocidental de África, os portugueses trocavam produtos como tecidos, cereais e cavalos, por escravos e ouro.


DO GOLFO DA GUINÉ AO CABO DE ÁFRICA


No ano de 1474, o rei D. Afonso incumbiu o príncipe herdeiro , que viria a ser o rei D. João II, da descoberta das terras africanas.



Em 1479 pelo Tratado de Alcáçovas foram feitas as “pazes perpétuas” entre os reis de Portugal e Castela. Aos espanhóis era concedido o domínio do arquipélago das Canárias, enquanto que aos portugueses era reconhecido o direito às ilhas da Madeira e dos Açores, bem como de todas as descobertas ao Sul daquele arquipélago. 

Foi Diogo Cão (1450-1486) o navegador escolhido para ir o mais longe possível pelas costas de África.
Partiu do Tejo no ano de 1482 e com ele seguiam alguns padrões em pedra.


Passado o Cabo de Santa Catarina, último dos descobrimentos até aí realizados e já após a morte do Infante, foi descobrindo novos lugares, até que se deparou com o estuário de um rio de águas caudalosas e forte corrente: o rio Zaire, cujas águas entram algumas milhas pelo mar mantendo a sua cor. Por tal motivo apelidaram-no de Rio Poderoso. Aí assentou Diogo Cão o primeiro padrão.


Prosseguiu então no rumo Sul, atingindo após novas descobertas, o Cabo de Santo Agostinho (Cabo de Santa Maria), a cerca de 150 Km de Benguela, local onde em Agosto de 1483 assentou o segundo padrão.



Em 1484 já se encontrava em Lisboa, provavelmente depois de ter feito a “volta da Mina” ou “volta da Guiné”.


D. João II, pelas informações dadas por Diogo Cão, terá entendido que este atingira o Cabo de África, ou seja, o local onde o oceano Atlântico se deveria unir ao Índico. Diogo Cão poderá ter sido induzido em erro pela enorme enseada a sul do Cabo de Santo Agostinho (Cabo de Santa Maria).
Daí, que numa “oração de obediência” dirigida ao papa Inocêncio VIII em 1485, D. João II refere tal acontecimento.

É quase certo que em 1485 era prática usual o recurso ao Sol para obtenção das latitudes, que apresentava algumas vantagens relativamente ao cálculo pela Estrela Polar, nomeadamente a impossibilidade desta ser visualizada a partir de certos lugares – veja-se o “Regimento da Estrela do Norte”.
O cálculo da latitude pelo Sol obrigava à observação da sua altura meridiana, tomada com um astrolábio, e o conhecimento da sua declinação, inscrita para cada dia em regras ou tábuas – veja-se o “Almanaque Perpétuo” de Abraão Zacuto de grande utilidade para a navegação.


O astrolábio é um instrumento astronómico que se destina à determinação da altura do Sol. Era construído com duas partes. Um círculo graduado denominado roda do astrolábio e uma alidade de pínulas, móvel em torno do centro da roda, que se chamava mediclina – o limbo da roda possuía em cada um dos seus quartos uma graduação de 0º a 90º.



Mas para a determinação do meio-dia local, não possuindo relógio, necessitavam os pilotos de fazer a “pesagem do Sol”.
“O piloto suspendia o astrolábio de um dedo, orientava o seu plano no plano vertical do astro, e situava a alidade de tal modo que os raios solares, passando através dos orifícios das suas pínulas, projectassem um pequeno círculo de luz no meio da sombra dessas mesmas pínulas; nessa posição o astrolábio estava apontado ao astro. Mas como o piloto não dispunha de relógio seguro que lhe fornecesse o meio-dia local, devia iniciar a observação quando o Sol ainda subia em relação ao horizonte, deslocando a medeclina de modo a conservá-la apontada ao astro; a altura meridiana que lhe interessava para o conhecimento da latitude, seria a correspondente à maior inclinação da alidade. A esta operação chamavam “pesagem do Sol”.

José Vizinho, aluno de Zacuto terá estado na Guiné por volta de 1485 para ensaiar um Regimento do Sol, facto que Cristóvão Colombo confirma.

CÁLCULO DA LATITUDE

Estando no hemisfério norte com o Sol neste »
Com o observador a Norte do Sol –
Latitude do lugar = (90 – altura meridiana medida com o astrolábio) + declinação solar
Com o observador a Sul do Sol –
Latitude do lugar = (declinação solar – altura meridiana medida com o astrolábio) – 90

Estando o observador no hemisfério Sul, repetem-se as expressões supra, desde que o observador esteja em posições idênticas às mencionadas.
Sol no hemisfério Sul »
Latitude do lugar = 90 – (altura meridiana medida com o astrolábio + declinação solar)


Entre 1485 e 1495, Duarte Pacheco Pereira, terá observado latitudes pelo Sol, durante as viagens de reconhecimento que fez na Guiné.


Numa segunda viagem, Diogo Cão continuou a percorrer a costa africana, encontrando milha após milha, terra e mais terra.
Assentou um padrão no Cabo Negro e outro num promontório, Cap Cross, continuando o seu rumo até atingir um local denominado Serra Parda.

A partir daqui nunca mais se ouviu falar dele. Terá falecido no retorno da segunda viagem? Terá caído em desgraça por ter induzido em erro D. João II? Não se sabe e provavelmente nunca o saberemos.









Veja-se ainda »


(BLOGUE DE NAVEGAÇÃO)



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