DESCOBRIMENTO DA
COSTA E DAS ILHAS DO GOLFO DA GUINÉ
Segundo os
escritos de Cadamosto, Pedro de Sintra terá descoberto a parte da costa
africana entre o estuário do Geba até alguns kms a sul do Cabo Marrado – próximo
da capital da Libéria, tudo apontando para que esta tenha sido uma segunda
viagem, que não a realizada em vida do Infante.
Por volta de
1469, D. Afonso V contratou com Fernão Gomes, mercador interessado em novos
mercados, a concessão dos descobrimentos feitos, que teriam de ter um avanço
mínimo de cem léguas aos descobrimentos sucessivamente efectuados.
Este contrato,
obrigando as naus a irem cada vez mais longe, terá levado à substituição do Regimento
da Estrela do Norte pela determinação da latitude à meridiana.
Ou seja, a partir
de 1469 tornou-se imperioso navegar com novos recursos.
Daí, dois
capitães de dois navios, João de Santarém e Pedro Escobar, percorrendo o Golfo
da Guiné, terão atingido no ano de 1471 uma aldeia que os portugueses
denominaram Mina de Ouro e mais tarde ficou conhecida apenas como Mina. Aqui
foi construído um castelo e uma feitoria, obra dirigida nos anos de 1481 e 1482
por Diogo de Azambuja.
Posteriormente
Fernão do Pó, percorreu a costa do Golfo do Biafra, e descobriu a ilha a que
foi dado o seu nome.
Em 1475, Lopo
Gonçalves, descobre o Cabo Lopez e Rui Sequeira o de Santa Catarina.
Nas feitorias da
costa ocidental de África, os portugueses trocavam produtos como tecidos,
cereais e cavalos, por escravos e ouro.
DO GOLFO DA GUINÉ
AO CABO DE ÁFRICA
No ano de 1474, o
rei D. Afonso incumbiu o príncipe herdeiro , que viria a ser o rei D. João II,
da descoberta das terras africanas.
Em 1479 pelo
Tratado de Alcáçovas foram feitas as “pazes perpétuas” entre os reis de
Portugal e Castela. Aos espanhóis era concedido o domínio do arquipélago das
Canárias, enquanto que aos portugueses era reconhecido o direito às ilhas da
Madeira e dos Açores, bem como de todas as descobertas ao Sul daquele arquipélago.
Foi Diogo Cão
(1450-1486) o navegador escolhido para ir o mais longe possível pelas costas de
África.
Partiu do Tejo no
ano de 1482 e com ele seguiam alguns padrões em pedra.
Passado o Cabo de
Santa Catarina, último dos descobrimentos até aí realizados e já após a morte
do Infante, foi descobrindo novos lugares, até que se deparou com o estuário de
um rio de águas caudalosas e forte corrente: o rio Zaire, cujas águas entram
algumas milhas pelo mar mantendo a sua cor. Por tal motivo apelidaram-no de Rio
Poderoso. Aí assentou Diogo Cão o primeiro padrão.
Prosseguiu então
no rumo Sul, atingindo após novas descobertas, o Cabo de Santo Agostinho (Cabo
de Santa Maria), a cerca de 150 Km de Benguela, local onde em Agosto de 1483
assentou o segundo padrão.
Em 1484 já se
encontrava em Lisboa, provavelmente depois de ter feito a “volta da Mina” ou
“volta da Guiné”.
D. João II, pelas
informações dadas por Diogo Cão, terá entendido que este atingira o Cabo de
África, ou seja, o local onde o oceano Atlântico se deveria unir ao Índico.
Diogo Cão poderá ter sido induzido em erro pela enorme enseada a sul do Cabo de
Santo Agostinho (Cabo de Santa Maria).
É quase certo que
em 1485 era prática usual o recurso ao Sol para obtenção das latitudes, que
apresentava algumas vantagens relativamente ao cálculo pela Estrela Polar,
nomeadamente a impossibilidade desta ser visualizada a partir de certos lugares
– veja-se o “Regimento da Estrela do Norte”.
O cálculo da
latitude pelo Sol obrigava à observação da sua altura meridiana, tomada com um
astrolábio, e o conhecimento da sua declinação, inscrita para cada dia em
regras ou tábuas – veja-se o “Almanaque Perpétuo” de Abraão Zacuto de grande
utilidade para a navegação.
O astrolábio é um
instrumento astronómico que se destina à determinação da altura do Sol. Era
construído com duas partes. Um círculo graduado denominado roda do astrolábio e
uma alidade de pínulas, móvel em torno do centro da roda, que se chamava
mediclina – o limbo da roda possuía em cada um dos seus quartos uma
graduação de 0º a 90º.
Mas para a determinação do meio-dia local, não possuindo
relógio, necessitavam os pilotos de fazer a “pesagem do Sol”.
“O piloto
suspendia o astrolábio de um dedo, orientava o seu plano no plano vertical do
astro, e situava a alidade de tal modo que os raios solares, passando através
dos orifícios das suas pínulas, projectassem um pequeno círculo de luz no meio
da sombra dessas mesmas pínulas; nessa posição o astrolábio estava apontado ao
astro. Mas como o piloto não dispunha de relógio seguro que lhe fornecesse o
meio-dia local, devia iniciar a observação quando o Sol ainda subia em relação
ao horizonte, deslocando a medeclina de modo a conservá-la apontada ao astro; a
altura meridiana que lhe interessava para o conhecimento da latitude, seria a
correspondente à maior inclinação da alidade. A esta operação chamavam “pesagem
do Sol”.
José Vizinho,
aluno de Zacuto terá estado na Guiné por volta de 1485 para ensaiar um Regimento
do Sol, facto que Cristóvão Colombo confirma.
CÁLCULO DA LATITUDE
Estando no
hemisfério norte com o Sol neste »
Com o observador
a Norte do Sol –
Latitude do lugar
= (90 – altura meridiana medida com o astrolábio) + declinação solar
Com o observador
a Sul do Sol –
Latitude do lugar
= (declinação solar – altura meridiana medida com o astrolábio) – 90
Estando o
observador no hemisfério Sul, repetem-se as expressões supra, desde que o
observador esteja em posições idênticas às mencionadas.
Sol no hemisfério
Sul »
Latitude do lugar
= 90 – (altura meridiana medida com o astrolábio + declinação solar)
Entre 1485 e
1495, Duarte Pacheco Pereira, terá observado latitudes pelo Sol, durante as
viagens de reconhecimento que fez na Guiné.
Numa segunda
viagem, Diogo Cão continuou a percorrer a costa africana, encontrando milha
após milha, terra e mais terra.
Assentou um
padrão no Cabo Negro e outro num promontório, Cap Cross, continuando o seu rumo
até atingir um local denominado Serra Parda.
A partir daqui
nunca mais se ouviu falar dele. Terá falecido no retorno da segunda viagem?
Terá caído em desgraça por ter induzido em erro D. João II? Não se sabe e
provavelmente nunca o saberemos.
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