A partir de 1480, pode dizer-se com alguma segurança que
os navegadores dispunham do Regimento da Estrela do Norte e do Sol. Mas a
utilidade do primeiro restringia-se ao hemisfério Norte. Quando navegavam no
hemisfério Sul, apenas podiam utilizar o Regimento do Sol, se este astro não
estivesse encoberto à sua passagem meridiana.
Daí, que se procuraram outras estrelas para tornar mais
eficaz a marcação do ponto.
Desaparecido Diogo Cão, D. João II nomeou Bartolomeu Dias
para dar continuidade aos descobrimentos por aquele realizados.
Em Agosto do ano
de 1487, a frota do capitão Bartolomeu Dias, constituída por três caravelas
parte do Tejo.
A primeira
capitaneada pelo próprio Bartolomeu, a segunda por João Infante e a outra por
Diogo Dias, irmão do primeiro. A última tinha a função de reabastecer de
víveres os outros dois navios.
No princípio do mês
de Dezembro, Bartolomeu Dias passou o último lugar conhecido e anteriormente
atingido por Diogo Cão: a Serra Parda.
Posteriormente,
navegando para Sul, atinge Angra das Voltas (Luderitz Bay), onde foi deixado o
navio de apoio capitaneado por Diogo Dias.
Em Janeiro de 1488 atinge a Serra dos Reis (Cardow Berg).
Por esta altura,
tornando-se rijo o alísio de Sueste, viu-se obrigado a afastar da costa
com rumo de Sudoeste.
Com o inevitável
afastamento da costa e decorridos dias em latitude austral, já com ventos de
Oeste, navegou para Leste rumando à costa africana.
Não a encontrando
optou por rumar a Norte, acabando por avistar a costa sul de África muitas
milhas para além do seu término sudocidental.
Fez escala na foz
do Rio das Vacas (Goritz River) e continuou pela costa até ao local onde hoje
existe a cidade de Port Elizabeth.
Bartolomeu Dias
terá idealizado ser o primeiro navegador a chegar à Índia por mar. Tinha a
fibra, a determinação e os conhecimentos náuticos que lho concederiam. Mas a
tripulação não era da mesma opinião e permitiu-lhe apenas mais uns poucos dias
de navegação. Aterrou num local a que chamou Rio do Infante (Great Fish River)
e para evitar um motim eminente, regressou explorando o Cabo das Agulhas e o
Cabo da Boa Esperança. A este último, que seria a sua sepultura, apelidou de
Cabo das Tormentas, havendo quem diga que no retorno face à calmaria do mar, o
próprio Bartolomeu Dias lhe terá chamado da Boa Esperança.
O Cabo das
Agulhas é em bom rigor a extremidade sul do continente africano. Foi assim
apelidado quando se constatou que a declinação magnética nesse lugar era
praticamente nula, pelo que a agulha de marear apontava com exactidão o Norte
verdadeiro.
Em Dezembro de
1488, Bartolomeu Dias chegava ao Tejo.
No nosso
entendimento, foi Bartolomeu que descobriu a “volta do mar”, que veio a
permitir o bom sucesso da viagem de Vasco da Gama e posteriormente de Cabral.
E talvez tenha
sido o primeiro navegador português, a pisar terras do Brasil, quando estudava
a volta de mar pelo Atlântico. Temos consciência de que tal afirmação não passa
de uma mera intuição nossa, ainda que estribada nalguns factos que para aí
parecem apontar.
O seu percurso
marítimo é sumamente interessante. Descobre e passa o cabo das Tormentas em
1488 e foi impedido pela tripulação de rumar à Índia. Não se conhece com
precisão a “torna-viagem”, apenas se sabendo que fez escala na ilha do Príncipe
donde trouxe para Portugal o roteirista Duarte Pacheco que se encontrava
enfermo, seguindo depois para a Mina. Daí, terá realizado a “volta da Guiné”,
aproximando-se ou tocando mesmo a costa brasileira? É facto que ficará para
sempre no espaço das meras probabilidades.
Supervisionou a
construção dos navios que iriam constituir a armada de Vasco da Gama. Parte com
Gama para a Índia, mas o rei determina que se dirija para a fortaleza da Mina,
ficando-se assim pela costa ocidental africana. Com Cabral, teria de se ficar
por Sofala, com o seu irmão Diogo Dias, para criar uma feitoria.
A Diogo Dias
acabou por ser permitida nessa viagem a ida à Índia.
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