quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

8. - CAP. VII - A PASSAGEM DE SUESTE - O CABO DA BOA ESPERANÇA



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A partir de 1480, pode dizer-se com alguma segurança que os navegadores dispunham do Regimento da Estrela do Norte e do Sol. Mas a utilidade do primeiro restringia-se ao hemisfério Norte. Quando navegavam no hemisfério Sul, apenas podiam utilizar o Regimento do Sol, se este astro não estivesse encoberto à sua passagem meridiana.
Daí, que se procuraram outras estrelas para tornar mais eficaz a marcação do ponto.


Desaparecido Diogo Cão, D. João II nomeou Bartolomeu Dias para dar continuidade aos descobrimentos por aquele realizados.


Em Agosto do ano de 1487, a frota do capitão Bartolomeu Dias, constituída por três caravelas parte do Tejo.
A primeira capitaneada pelo próprio Bartolomeu, a segunda por João Infante e a outra por Diogo Dias, irmão do primeiro. A última tinha a função de reabastecer de víveres os outros dois navios.

No princípio do mês de Dezembro, Bartolomeu Dias passou o último lugar conhecido e anteriormente atingido por Diogo Cão: a Serra Parda.
Posteriormente, navegando para Sul, atinge Angra das Voltas (Luderitz Bay), onde foi deixado o navio de apoio capitaneado por Diogo Dias.
Em Janeiro de 1488 atinge a Serra dos Reis (Cardow Berg).
Por esta altura, tornando-se rijo o alísio de Sueste, viu-se obrigado a afastar da costa com rumo de Sudoeste.
Com o inevitável afastamento da costa e decorridos dias em latitude austral, já com ventos de Oeste, navegou para Leste rumando à costa africana.
Não a encontrando optou por rumar a Norte, acabando por avistar a costa sul de África muitas milhas para além do seu término sudocidental.
Fez escala na foz do Rio das Vacas (Goritz River) e continuou pela costa até ao local onde hoje existe a cidade de Port Elizabeth.

Bartolomeu Dias terá idealizado ser o primeiro navegador a chegar à Índia por mar. Tinha a fibra, a determinação e os conhecimentos náuticos que lho concederiam. Mas a tripulação não era da mesma opinião e permitiu-lhe apenas mais uns poucos dias de navegação. Aterrou num local a que chamou Rio do Infante (Great Fish River) e para evitar um motim eminente, regressou explorando o Cabo das Agulhas e o Cabo da Boa Esperança. A este último, que seria a sua sepultura, apelidou de Cabo das Tormentas, havendo quem diga que no retorno face à calmaria do mar, o próprio Bartolomeu Dias lhe terá chamado da Boa Esperança.

O Cabo das Agulhas é em bom rigor a extremidade sul do continente africano. Foi assim apelidado quando se constatou que a declinação magnética nesse lugar era praticamente nula, pelo que a agulha de marear apontava com exactidão o Norte verdadeiro.
Em Dezembro de 1488, Bartolomeu Dias chegava ao Tejo.

No nosso entendimento, foi Bartolomeu que descobriu a “volta do mar”, que veio a permitir o bom sucesso da viagem de Vasco da Gama e posteriormente de Cabral.
E talvez tenha sido o primeiro navegador português, a pisar terras do Brasil, quando estudava a volta de mar pelo Atlântico. Temos consciência de que tal afirmação não passa de uma mera intuição nossa, ainda que estribada nalguns factos que para aí parecem apontar. 

O seu percurso marítimo é sumamente interessante. Descobre e passa o cabo das Tormentas em 1488 e foi impedido pela tripulação de rumar à Índia. Não se conhece com precisão a “torna-viagem”, apenas se sabendo que fez escala na ilha do Príncipe donde trouxe para Portugal o roteirista Duarte Pacheco que se encontrava enfermo, seguindo depois para a Mina. Daí, terá realizado a “volta da Guiné”, aproximando-se ou tocando mesmo a costa brasileira? É facto que ficará para sempre no espaço das meras probabilidades.
Supervisionou a construção dos navios que iriam constituir a armada de Vasco da Gama. Parte com Gama para a Índia, mas o rei determina que se dirija para a fortaleza da Mina, ficando-se assim pela costa ocidental africana. Com Cabral, teria de se ficar por Sofala, com o seu irmão Diogo Dias, para criar uma feitoria.
A Diogo Dias acabou por ser permitida nessa viagem a ida à Índia.







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(BLOGUE DE NAVEGAÇÃO)




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